sábado, 19 de março de 2011

ISERJ / 2º ano O Iluminismo


O Iluminismo

Chamamos de Iluminismo, Ilustração ou Filosofia das Luzes, o movimento de renovação do pensamento que atingiu seu ápice no século XVIII, principalmente na França, devido ao fato de que nesse país as contradições características do Antigo Regime se acirravam (privilégios do clero e da nobreza, reação aristocrática diante da possibilidade de ver seus “direitos” reduzidos, permanência de relações sociais ainda predominantemente feudais, que aos olhos das forças mais dinâmicas (burguesia) entravavam o seu desenvolvimento e, consequentemente o desenvolvimento da França).
Faz-se necessário atentar para o fato de que as sociedades no Antigo Regime eram caracterizadas por:
I. no setor político: poder absoluto dos reis.
II. no setor social: divisão da sociedade em estamentos, onde se distinguiam as ordens privilegiadas pelo nascimento (Primeiro e Segundo Estados) do Povo (3º Estado).
III. no setor econômico: permanência de relações feudais num mundo que caminhava a passos largos para as  relações capitalistas; intervencionismo estatal através da adoção das medidas mercantilistas.
IV. no setor cultural: a intolerância religiosa e filosófica. O Estado e a Igreja intervinham na vida das pessoas, não permitindo a liberdade de religião ou convicção filosófica e política

Os pensadores iluministas defendiam que a Razão seria o antídoto contra o emaranhado de superstições, tolices, misticismos e ignorância que impediam o homem de caminhar sempre em direção ao progresso. Alias, para tais pensadores, a ideia de progresso tendia ao infinito, ou seja, estando no seu caminho, ele não teria fim.
Para tanto, os Iluministas buscam criar uma nova concepção do mundo, uma concepção essencialmente racionalista e baseada na existências de leis naturais que regem a dinâmica do Universo. Para tanto, vão beber na fonte da chamada Revolução Científica do século XVII, que se apoiava nas teorias de Galileu (1564 – 1642), Descartes (1596 – 1650) e Newton (1642 – 1727).

Durante muito tempo, defendeu-se a tese de que o Iluminismo foi o responsável por criar um “clima revolucionário, que conduziu à Revolução Francesa. No entanto, novos estudos como o de Jacques Solé, historiador francês que se dedica ao assunto, lançaram novas luzes sobre o tema, propondo reflexões acerca do sentido histórico do Iluminismo, que até então passaram desapercebidas.
Em seu livro A Revolução Francesa em Questões, Solé afirma que o pensamento Iluminista ficou circunscrito ao salões aristocráticos, onde uma nobreza esclarecida seria o único grupo capaz de entender e patrocinar a Filosofia das Luzes. Para Solé, os temas desenvolvidos pelos filósofos da Ilustração permaneceram estranhos, até as vésperas da Revolução, à massa da população, seja ela burguesa ( a burguesia francesa era demasiadamente conservadora) ou popular ( as camadas populares estavam muito ligadas a religião), na medida em que a maioria dos temas das Luzes, pouco tinham a ver com seus problemas concretos.
A fala de Frederico II, déspota esclarecido da Prússia, que contou com a aprovação, ainda que com pesar, do enciclopedista D’Alambert, segundo o qual “ A França, com todos os filósofos, dos quais se gabam a torto e a direito ainda é um dos povos mais superticiosos e menos adiantados da Europa” parece referendar a tese defendida por historiadores, como Jacques Solé, que procuram minimizar a importância do pensamento ilustrado para explicar o clima revolucionário que levou à Revolução Francesa.
Outro historiador que procura minimizar a concepção do Iluminismo como a ideologia revolucionária que arrebatou corações e mentes francesas conduzindo-os a deflagrar o processo revolucionário que pôs abaixo o Antigo Regime é o Historiador Robert Darnton. No seu livro Boemia Literária e Revolução ele nos mostra que as leituras  mais procuradas não eram, como seria de se esperar, os escritos pelos grandes ‘philosophes’, e sim os produzidos por vulgarizadores do Iluminismo, como Raynal e  Mirabeau, entre outros, ou os opúsculos criados por subliteratos desconhecidos. Outra importante categoria era a dos panfletos, principalmente as memórias sobre o encarceramento de seus próprios autores na Bastilha, o que gerou uma intensa mitologia política. Nada, porém, vendia mais que os ‘libelles’, textos que dessacralizavam o regime. Toda esta literatura minava pouco a pouco o Antigo Regime.

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