terça-feira, 19 de maio de 2009

Movimentos Sociais na República Velha


MOVIMENTOS SOCIAIS NA REPÚBLICA VELHA

A GUERRA DE CANUDOS (1896/7)

Durante a República Velha ocorreram algumas revoltas sociais que deixam claro que o predomínio oligárquico não foi exercido sem contestação. No interior nordestino onde a superexploração, a miséria e a fome era a realidade do sertanejo, surgiram líderes messiânicos cuja o mais conhecido foi Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro.
As pregações de Conselheiro atraia milhares de fieis que passaram a seguir o beato em sua peregrinação pelo sertão. Em 1893, Conselheiro e seus seguidores fundaram, em uma fazenda abandonada o Arraial de Canudos. Uma comunidade onde todos trabalhavam e os frutos do trabalho era repartido de acordo com as necessidades de cada família. Lá não havia exploração, fome e outros males que atormentavam os sertanejos...parecia o paraíso terrestre. Quanto mais o Arraial prosperava mais incomodava os poderosos da região. Os fazendeiros temiam perder mão-de-obra os padres, fieis. Aproveitaram-se das convicções políticas de Conselheiro, que por diversas vezes tinha se manifestado contra a República para fazer guerra a Canudos. A cada expedição feita contra Canudos que não obtinha êxito, reforçava-se a idéia de que o Arraial era um foco de perigosos monarquistas dispostos a destruir a República. Os jornais do Rio, através de notícias alarmantes ajudava a por mais “lenha na fogueira”, criando um clima de histeria na capital do país. Em 1897, Canudos foi riscado do mapa após ter resistido bravamente e vencido as três tentativas anteriores. Em fins do século XX o Exército fez sua mea culpa em relação ao episódio, admitindo que a Guerra de Canudos foi um grande equívoco do qual o Exército Brasileiro tomou parte.

O CANGAÇO
O Cangaço foi um fenômeno ocorrido no SERTÃO NORDESTINO de meados do século XIX ao início de 1940.. O cangaço tem suas origens em questões sociais e fundiárias do Nordeste brasileiro, caracterizando-se por ações violentas de grupos ou indivíduos isolados: assaltavam fazendas, seqüestravam coronéis (grandes fazendeiros) e saqueavam comboios e armazéns. Não tinham moradia fixa: viviam perambulando pelo sertão, praticando tais crimes, fugindo e se escondendo.
O cangaceiro mais famoso foi Virgulino Ferreira da Silva, o "lampião", denominado o "Senhor do Sertão" e também "O Rei do Cangaço". Atuou durante as décadas de 20 e 30 em praticamente todos os estados do Nordeste brasileiro.
Por parte das autoridades e de suas vítimas Lampião simbolizava a brutalidade, o mal, uma doença que precisava ser cortada. Para uma parte da população do sertão ele encarnou valores como a bravura, o heroísmo e o senso da honra.
No dia 28 de julho de 1938 na localidade de Angicos, no estado de Sergipe, Lampião foi vítima de uma emboscada onde foi morto junto com sua mulher, Maria Bonita e outros cangaceiros de seu bando. Tiveram suas cabeças decepadas e expostas em locais públicos, pois o governo queria assustar e desestimular esta prática na região. Depois do fim do bando de Lampião, os outros grupos de cangaceiros, já enfraquecidos, foram se desarticulando até terminarem de vez ,no início de 1940.
A REVOLTA DA VACINA (1904)

Não era só no campo que as camadas mais humildes viviam oprimidas. A Revolta da Vacina ocorreu em 1904 em plena capital federal. Os populares do Rio de Janeiro rebelaram-se contra a tentativa do governo de impor a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola a todas as pessoas. Aos gritos de “abaixo a vacina” viraram bondes no centro da cidade, quebraram os lampiões, ergueram barricadas em diversos bairros e enfrentaram as forças policiais da capital. Durante os conflitos ocorreu uma tentativa de levante militar visando derrubar o governo que não conseguiu êxito. O governo decretou estado de sítio, reprimiu e perseguiu violentamente os revoltosos. O regulamento da vacina foi alterado, tornando facultativa sua aplicação.

A REVOLTA DA CHIBATA (1910)

A escravidão acabou em 1888, porém esqueceram de comunicar tal acontecimento ao alto comando da marinha, pois em 1910, os marinheiros que por coincidência eram negros na sua maioria sofriam castigos corporais por parte dos oficiais que além de serem brancos vinham de famílias tradicionais de linhagem escravocrata. Os marinheiros, liderados por João Cândido o “almirante negro” que tinha a dignidade de um mestre-sala como cantou o poeta, se rebelaram após um colega de farda ser punido com 250 chibatadas. Na noite de 22 de novembro de 1910 explodia a Revolta da Chibata, assumiram o comando dos encouraçados Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Deodoro e apontaram os seus canhões para a cidade do Rio de Janeiro. Os marujos exigiam o fim dos castigos físicos, melhoria do soldo e da alimentação e anistia para os participantes da revolta. Pego de “calças curtas” o então presidente Hermes da Fonseca não teve outra saída a não ser aceitar as exigências dos marinheiros. Refeito do susto o governo deu o troco, a anistia concedida aos marinheiros acabou sendo desconsiderada, ocorrendo afastamentos, prisões, mortes deportação.
O principal personagem desse episódio, o marinheiro João Cândido ficou preso na Ilha das Cobras junto com outros 17 companheiros, onde 15 deles acabaram morrendo dias após. O “almirante negro” sobreviveu mas foi internado a revelia no Hospital de Alienados no Rio de Janeiro. Julgado em 1912, João Cândido foi absolvido o mesmo aconteceu com os sobreviventes da Revolta. O preço foi alto mas o movimento pode ser considerado vitorioso. A Revolta da Chibata é, até os dias de hoje, um tabu dentro Marinha do Brasil.


A GUERRA DO CONTESTADO (1912/6)
Ocorreu no Sul do país em uma região cuja posse era disputada por Santa Catarina e Paraná, por isso chamada Contestado. Os moradores dessa localidade sofriam com os coronéis que constantemente expulsavam posseiros de suas terras anexando-as. Com a construção da ferrovia que ligaria o RS a SP e que passava justamente nesse lugarejo e posteriormente com a chegada de uma grande madereira estrangeira na região centenas de famílias foram expulsos de suas propriedades.
Essas pessoas buscaram conforto nas pregações de beatos que perambulavam pela região, prometendo tempos melhores. Um desses beatos foi o monge José Maria, que se dizia o escolhido por Deus para construir na Terra a Monarquia Celeste.
Em 1912, José Maria e centenas de seguidores se fixaram no povoado de Taquaraçu, em Santa Catarina. Os fazendeiros locais incomodados com aquela aglomeração pediram ajuda ao governo. Assim como os seguidores de Conselheiro, os do monge José Maria foram acusados de serem fanáticos monarquistas. Ameaçados por tropas policiais, os crentes se retiraram para Campos do Irani, no município paranaense de Palmas, onde se instalaram. Foram atacados pela polícia paranaense. José Maria e muitos fieis foram mortos.
A morte do monge ao invés de esvaziar o movimento surtiu efeito contrário. Acreditando na ressurreição de seu líder, os crentes se reorganizaram. Milhares de pessoas aderiram ao movimento formando as chamadas “vilas santas”.
As “vilas santas” foram atacadas pelo Exército, forças públicas estaduais e bandos de jagunços sendo destruídas. Os interesses dos coronéis locais e da empresa do capitalista norte-americano Percival Farquhar, dedicada a exploração e venda de madeira estavam, enfim, resguardados.

O MOVIMENTO OPERÁRIO
O operariado não ficou passivo diante das dificuldades que vivenciaram durante a República Velha. O primeiro partido operário brasileiro, o Partido Operário, foi criado pelos socialistas em 1890 na cidade do Rio de Janeiro. Defendia reformas por meio da colaboração de classes. É obvio que suas propostas não sensibilizaram o patronato e por tabela os trabalhadores.
Enquanto os socialistas do Partido Operário eram favoráveis a uma ação moderada, os anarquistas defendiam ações mais radicais para a imediata conquista de direitos e a destruição da sociedade capitalista. Até a década de 20, o anarquismo, em particular o anarco-sindicalismo, exerceu grande influência sobre o movimento operário brasileiro.
Os anarco-sindicalistas defendiam a tese de que os sindicatos eram os instrumentos fundamentais para deflagrar a luta por melhores condições de vida e pela emancipação social do proletariado. Os anarco-sindicalistas eram partidários da ação direta e negavam qualquer validade às lutas partidárias e parlamentares. Segundo eles a revolução seria feita através de uma greve geral que, vitoriosa, aboliria o Estado; através dos sindicatos seria organizada a nova sociedade.
Para termos uma idéia da organização e da força do movimento operário na República Velha, observemos os seguintes dados: no período que vai de 1900 a 1922 ocorreram 369 greves(sendo 111 entre 1900 e 1910 e 258 entre 1910 e 1920).
Em 1917, ocorreu a primeira greve geral no Brasil. Teve início em uma fábrica de tecidos de São Paulo (Cotonifício Crespi), em reação a tentativa da empresa de prolongar o trabalho noturno sem aumento da remuneração. Os operário entraram em greve exigindo aumento de salários, abolição das multas, mudanças no regimento interno da empresa e regulamentação do trabalho feminino e infantil. A greve se espalhou por outras empresas.
Em um confronto com a polícia, um manifestante foi morto. Esse episódio fez com que o movimento grevista se alastrasse por São Paulo e contagiasse os trabalhadores de outras regiões do país. Rebentaram greves no Rio de Janeiro, Paraná, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

O TENENTISMO
O movimento revolucionário que ficou conhecido como Tenentismo pelo fato de estar ligado a jovem oficialidade do Exército, apesar de defender algumas propostas que iam de encontro aos anseios da classe média, não se vinculava ideologicamente com nenhuma classe social. Na realidade não tinham um projeto claro e definido, defendiam a moralização política, a introdução do voto secreto como forma de acabar com a corrupção eleitoral , o fortalecimento do poder central. Para por em prática as suas idéias fizeram em 05 de julho de 1922 o primeiro levante tenentista com o objetivo de derrubar Epitácio Pessoa que estava no final do seu mandato e impedir a posse do presidente eleito Artur Bernardes. Esse episódio ficou conhecido como Os 18 do
Forte de Copacabana.
Os rebeldes foram massacrados, somente dois sobreviveram ao enfrentamento com as tropas legalistas: Eduardo Gomes e Siqueira Campos.
Dois anos após, no dia 05 de julho de 1924, ocorreu a Segunda revolta tenentista, dessa vez em São Paulo. Durante três semanas os paulistas conviveram com violentos confrontos envolvendo os rebeldes e as forças que se mantiveram ao lado do governo. Muitos bairros ficaram em ruínas, centenas de pessoas morreram. Ocorreram saques a lojas e armazéns. As forças do governo em maior número e melhor equipadas impuseram duras derrotas aos rebeldes. Na noite de 27 de julho as tropas tenentistas abandonaram São Paulo rumo ao Sul do país.
Os Tenentes do RS se rebelaram em outubro de 1924, sob a liderança de Luis arlos Prestes, que anos mais tarde viria ser a maior referência do PCB. Cercados pelos legalistas os tenentes gaúchos conseguiram romper o cerco e rumaram para Foz do Iguaçu, lá se encontraram com as tropas paulistas. Nascia a lendária coluna Prestes – Miguel Costa que em quase dois anos de marcha percorreu cerca de 25.000 km com o objetivo de levar os ideais tenentistas Brasil a fora. Contra a Coluna Prestes foram enviadas tropas do Exército, soldados das forças públicas estaduais, batalhões de jagunços a serviço dos coronéis. Até mesmo Lampião, a pedido do padre-coronel Cícero, se dispôs a enfrentar a lendária Coluna.
Em fevereiro de 1927, já no governo de Washington Luis, a coluna se desfez, seus participantes se exilaram-se na Bolívia, no Paraguai e na Argentina. É importante frisar que a Coluna Prestes, em todos os confrontos que participou, não conheceu derrota. A partir de então os tenentes tomaram rumos políticos diferenciados.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O QUE É OLIGARQUIA (3ª E 4ª SÉRIES)


A oligarquia Acioli
Para entendermos o que significou a dominação oligárquica na Primeira República vejamos esse caso exemplar:

Presidente do Estado: Nogueira Acioli

Secretário do Interior: José Acioli

Diretor de Seção: Lindolfo Pinto (sobrinho do presidente)

Deputados Estaduais:
Benjamin Acioli, Raimundo Borges e Jorge de Souza (genros do presidente), Jovino Pinto, José Pinto, Pinto Brandão, Padre Vicente Pinto (primos do presidente), Antônio Gadelha (cunhado de um filho de Acioli)

Academia de Direito:
Nogueira Acioli( Diretor), Tomaz Pompeu(cunhado de Acioli / Vice-Diretor), Tomaz Acioli (Lente de Direito Internacional), Antônio Acioli (Lente de Direito Civil), Tomaz Pompeu (cunhado de Acioli / Lente de Economia Política), Jorge de Souza (genro de Acioli / Lente de Medicina Legal)

Liceu:
Professores» Tomaz Acioli, Benjamin Acioli, Jorge de Souza

Escola Normal:
Tomaz Acioli, José acioli e + Sobrinho, sobrinha e irmão do presidente

Intendência Municipal: Antônio Gadelha

Câmara Municipal:
Jovino Pinto (Secretário)
Antônio Acioli (Procurador Fiscal)

Batalhão do Exército: Cap Raimundo Borges (genro de Acioli / Comandante)

Senadores Federais
Tomaz Acioli
Francisco Sá (genro de Acioli)

Deputados Federais
João Lopes (primo de Acioli)
Gonçalo Souto (tio de uma nora de Acioli)
E mais Aciolis em cargos das seguintes repartições: Higiene Pública, Correios, Inspeção Veterinária, Escola de Aprendizes de Artífices, etc; etc;...
“E quem afirmar que no Ceará há uma oligarquia, é porque é muito maledicente”
In “O Coronelismo: uma política de compromisso” Janotti, M. de L.M., p. 65/66

segunda-feira, 4 de maio de 2009

texto p/ 2º ano / 2009


O BRASIL DO OURO
síntese teórica / profº Orlando Rey

Em fins do século XVII, para honra e glória de sua majestade o rei de Portugal, os bandeirantes paulistas encontraram ouro na região de Minas Gerais. A descoberta de metais preciosos provocaram um grande aumento demográfico no Brasil, cuja população passou de cerca de 300 mil habitantes no final do século XVII para 3.300.000 no final do século XVIII. A região mineradora recebia gente de toda parte da colônia e também da metrópole, para o desespero dos paulistas que queriam a exclusividade sobre a região. As desavenças entre os emboabas(forasteiros) e os paulistas acarretou num violento conflito, Guerra dos Emboabas. Derrotados, os paulistas se retiraram da região e foram procurar ouro em outros lugares obtendo êxito em Goiás e Mato Grosso.
A exploração do ouro era feita de duas formas: pequenas explorações (faisqueiras) realizadas por uma pessoa apenas ou com o auxílio de um número reduzido de escravos. O ouro era extraído de depósitos superficiais, geralmente no leito dos rios(ouro de aluvião); ou em estabelecimentos maiores(lavras) onde era usado um grande número de escravos. O ouro era extraídos das vertentes das colinas, o que exigia instrumentos especializados pra se realizar a prospecção.
Aos poucos, formou-se na área mineradora uma economia dinâmica, voltada para o mercado interno, irradiando-se pelas áreas que a circundavam. Nas terras onde havia uma lavoura de subsistência passou a haver uma produção voltada para o abastecimento da zona mineradora. Mesmo assim a falta de alimentos era uma constante, acarretando num violento aumento do custo de vida. O economista Celso Furtado escreveu que “a fome acompanhava sempre a riqueza nas regiões do ouro”.
A produção especializada em gêneros agrícolas esta estabeleceu-se principalmente no Vale do Paraíba, em São Paulo, no sul de Minas Gerais e na Baixada Fluminense, que se tornou um importante centro abastecedor da região das minas. O eixo econômico da colônia, até então situado no nordeste, desloca-se para para a região Centro-Sul. Em 1763, a capital da colônia foi transferida da Bahia para o Rio de Janeiro.
Em Minas surgiu uma sociedade patriarcal e urbana. A camada alta era formada pelos donos de lavras e a camada inferior pelos escravos. Entre essas duas camadas existia uma camada intermediária constituída por comerciantes, artesão, artífices e homens livres. Comparada com a sociedade do açúcar, bastante rígida, a sociedade mineradora permitia uma certa mobilidade social.
Para tirar o melhor proveito da exploração do ouro, Portugal agiu com bastante rigor não só na fiscalização, como também na cobrança de impostos. Criou um órgão, a Intendência das Minas, para fiscalizar a administração, a distribuição das jazidas e a cobrança de impostos.
Apesar do rígido controle imposto pelas autoridades metropolitanas, o contrabando era intenso e, para coibi-lo, a Coroa proibiu a circulação de ouro em pó e em pepitas, criando, em 1720, as casas de fundição. Todo ouro encontrado nas faisqueiras ou nas lavras deveria ser levados a esses locais, onde seria derretido, quintado (extraído o quinto) e transformado em barras. Quem não cumprisse essa determinação poderia ser preso, perder todos os bens e até ser degredado. Os mineiros, descontentes, reagiram a opressão fiscal da metrópole na região(Revolta de Vila Rica ou de Felipe dos Santos). Os rebeldes acabaram derrotados e seus lideres, deportados. Apenas um deles, Felipe dos Santos, foi condenado à morte na forca.
Em 1729, Portugal recebeu a excelente notícia de que havia sido encontrado diamantes no Arraial do Tijuco (atual Diamantina). O território foi imediatamente demarcado e isolado, criando-se o Distrito Diamantino, onde só entrava quem tivesse autorização do governo. Na impossibilidade de se quintar um diamante, a metrópole concedeu a exploração da região a alguns homens de posse, chamados de contratadores, que deveriam pagar uma determinada quantia fixa anual à Coroa. Em 1771, o próprio governo português assumiu a exploração de diamantes.
Em 1750, aperfeiçoando a rigidez fiscal, o governo português substituiu o quinto por uma quantia fixada em 100 arrobas (aproximadamente 1.500 kg) anuais. Com o declínio da mineração, os mineradores encontraram dificuldades para pagar o imposto cobrado pela metrópole e as dívidas foram se acumulando. A possibilidade da decretação da derrama, isto é a cobrança dos impostos atrasados está entre as causas da Inconfidência Mineira(1789).
O enriquecimento provocado pela mineração favoreceu o desenvolvimento das artes em Minas Gerais. Foram construídas várias igrejas, ricamente decoradas com pinturas e esculturas. Predominou o estilo barroco, que se caracteriza pela riqueza de detalhes.. destaque para as obras de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Na música desenvolveu-se o estilo sacro. Na literatura, podemos apontar as obras do poeta e inconfidente Tomás Antônio Gonzaga (Marília de Dirceu, sua musa inspiradora e Cartas Chilenas, onde satirizava o discurso político e as práticas administrativas de seu desafeto d. Luis da Cunha Menezes, governador da capitania).

texto p/ 2º ano / 2009



OS MOVIMENTOS PRECURSORES DA INDEPENDÊNCIA OU CONJURAÇÕES
( 1789-1801 )

Após a Restauração(1640), Portugal estava com o "píres na mão" pois sai da mafaldada União Ibérica com "uma mão na frente e outra atrás". É nesse contexto que a metrópole resolve apertar o cerco sobre os colonos brasileiros, o que ira acarretar em inúmeras revoltas contra a coroa portuguesa. Estas revoltas agrupamos em duas correntes: os movimentos nativistas e as conjurações.

MOVIMENTOS NATIVISTAS

As primeiras rebeliões que eclodiram na colônia não tinham a intenção de romper os laços que uniam o Brasil à Portugal, ou seja, os colonos não visavam a Independência, apenas protestavam contra o que julgavam ser abuso da metrópole. Essas rebeliões tiveram o mérito de despertar entre os colonos um sentimento de pertencimento a terra em que habitavam. Até então, era comum entre os colonos, mesmo os nascidos no Brasil, a idéia de que eles eram portugueses que viviam fora do Reino. Era como se os colonos se dessem conta, naquele momento, de que muitas vezes os interesses metropolitanos não se casavam com os seus. Os participantes desses movimentos não possuíam uma ideologia sólida capaz de lhes conferir coerência. Na realidade, o que pretendiam era a reforma do Sistema Colonial. Não eram separatistas. O Caráter dessas revoltas eram estritamente local ou regional, não havendo articulações nacionais.
Exs: Revolta de Beckman ( Maranhão - 1684 ); Revolta de Vila Rica ou Felipe dos Santos ( Minas Gerais - 1720 ) e etc.


CONJURAÇÕES
As conjurações ocorreram a partir da segunda metade do século XVIII, como expressão da crise do antigo sistema colonial, que é fruto do conjunto de transformações que ocorrem nesse momento. Dentre elas destacamos: a difusão das idéias iluministas junto a elementos da elite colonial; a Revolução Industrial Inglesa que devido a necessidade de mercados, impõe o liberalismo econômico em oposição ao monopólio comercial; a Independência dos Estados Unidos/1776 e a Revolução Francesa/1789 pela decisiva influência junto aos movimentos precursores da independência.


A Conjuração Mineira (1789)
Foi o primeiro movimento de Independência ocorrido no Brasil(deve-se se atentar para o fato de que a elite mineira pensava em uma independência regional) que teve como principais causas as seguintes: a crise da mineração e a derrama (cobrança forçada de impostos); o monopólio do sal; a proibição das atividades manufatureiras na colônia; fechamento das estradas que conduziam ao litoral; a influência da Independência dos Estados Unidos (1776).
Os planos do movimento eram proclamar uma república em Minas (capital em São João d’El Rei), fundação de uma universidade em Vila Rica, incentivo as atividades manufatureiras e com relação ao fim da escravidão (não concordavam todos os conjurados).
Os planos não chegaram além das salas de reunião, bastando a denúncia de Joaquim Silvério dos Reis para conjuração fracassar. A devassa, iniciada em Minas levou quase três anos, culminando na condenação à morte, o mais pobre e o menos letrado dos processados, Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes).

Conjuração Baiana ou dos Alfaiates (1798)
Com a transferência da capital para o Rio de Janeiro(1763)a capitania da Bahia vê sua importância política diminuir progressivamente. Em fins do século XVIII, a Bahia vai conviver com a carestia que leva o povo baiano a viver em situação de penúria. Torna-se comum os saques à casas comerciais, o peloutinho, símbolo da opressão colonial é incendiado, as idéias da França Jacobina estão presente em Salvador.
É o sonho de liberdade que conduz a Conjuração Baiana, também denominada como Revolta dos Alfaiates (devido a grande participação dos membros dessa categoria profissional)foi a mais popular das conspirações, sofreu a influência da Revolução Francesa e da ação da maçonaria, através da Loja Maçônica Cavaleiros da Luz, importante na articulação na luta contra a Metrópole. Constituída por comerciantes, militares, profissionais liberais, as idéias por ela difundidas rapidamente conquistaram elementos mais pobres da população baiana, inclusive negros foros.
Os objetivos da Conjuração Baiana eram realizar a independência da Capitania, proclamando a “República Bahiense”, libertar os escravos, igualdade racial, aumento do soldo e acabar com o monopólio comercial.
O governador da Capitania, reprime o movimento, conduzindo 49 pessoas à prisão. Eram alfaiates, soldados, sapateiros , pedreiros. Após a devassa, quatro foram condenados à morte: os alfaiates, João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos e os soldados Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens.

Texto para o 3º e 4º ano 2009



CARACTERÍSTICAS GERAIS DA REPÚBLICA VELHA
Em 1894, foi eleito presidente da República o cafeicultor paulista Prudente de Moraes, assinalando a passagem da República da Espada para a República Oligárquica ou República dos Fazendeiros. O coronelismo, o voto de cabresto, a política dos governadores, a hegemonia de São Paulo e Minas Gerais na política nacional, as estratégias de valorização do café foram as principais características da dominação político-econômica das oligarquias rurais sobre o país que durou, não sem contestação, até 1930
Sendo o Brasil um país eminentemente agrário o coronelismo era a base política da República Velha, pois era no campo que estavam os maiores percentuais de votos. O prestígio de um coronel era medido pela quantidade de votos que ele controlava.
O fato do voto ser em aberto (não ser secreto) possibilitava aos coronéis um controle efetivo sobre os votos do seu “curral eleitoral”. Quem ousaria a não votar no candidato do homem sabendo que ao lado da urna seus jagunços estavam de olho no seu voto?
Não podemos porém imaginar que a força do coronel baseava-se apenas na coerção. Através do compadrio, do assistencialismo e do clientelismo o coronel tinha a população da sua região na palma da sua mão. E na época das eleições não tinha erro ganhava o candidato do coronel. Era o voto de cabresto, ou seja, controlado pelo coronel.
No governo Campos Sales foi estabelecido o Funding Loan, renegociação da dívida externa com nossos credores. Campos Sales implementou um rigoroso ajuste econômico, cortou o crédito à indústria, paralisou a emissão de moeda, criou novos impostos(sobre o consumo e do selo foram os principais), além de aumentar os já existentes, redução das despesas públicas e contenção rígida do salário dos trabalhadores, essa medidas antiinflacionárias baixaram bruscamente o poder aquisitivo da população assalariada. Os privilégios dos grandes proprietários rurais não foram afetados.
A Política dos Governadores foi o mecanismo criado por Campos Sales (1898-1902), pelo qual a oligarquia cafeeira impôs a sua hegemonia na política nacional e consistia no seguinte: o presidente da República apoiaria, com todos os meios ao seu alcance, a oligarquia dominante em cada estado; em troca essa mesma oligarquia garantiria a eleição, para o Congresso de candidatos que estivessem afinados com a política oficial.
Outra característica do período conhecido como República Velha foi o predomínio de políticos paulistas e mineiros na cena política nacional estabelecendo assim a chamada Política do Café com Leite que promovia o revezamento entre os paulistas e mineiros na presidência da República.
Sendo o café o principal produto brasileiro na pauta de exportações e estando a política do país voltada para os interesses dos cafeicultores, foi estabelecido, no Convênio de Taubaté, mecanismos artificiais para sustentar o preço do café: quando o preço do café caia no mercado internacional, ou quando a safra do produto aumentava em demasia, uma grande parcela desse café era comprado e estocado pelo governo que contraia empréstimos no estrangeiro para tal fim. Dessa forma o cafeicultor não tinha prejuízos.