O BRASIL DO OURO
síntese teórica / profº Orlando Rey
Em fins do século XVII, para honra e glória de sua majestade o rei de Portugal, os bandeirantes paulistas encontraram ouro na região de Minas Gerais. A descoberta de metais preciosos provocaram um grande aumento demográfico no Brasil, cuja população passou de cerca de 300 mil habitantes no final do século XVII para 3.300.000 no final do século XVIII. A região mineradora recebia gente de toda parte da colônia e também da metrópole, para o desespero dos paulistas que queriam a exclusividade sobre a região. As desavenças entre os emboabas(forasteiros) e os paulistas acarretou num violento conflito, Guerra dos Emboabas. Derrotados, os paulistas se retiraram da região e foram procurar ouro em outros lugares obtendo êxito em Goiás e Mato Grosso.
A exploração do ouro era feita de duas formas: pequenas explorações (faisqueiras) realizadas por uma pessoa apenas ou com o auxílio de um número reduzido de escravos. O ouro era extraído de depósitos superficiais, geralmente no leito dos rios(ouro de aluvião); ou em estabelecimentos maiores(lavras) onde era usado um grande número de escravos. O ouro era extraídos das vertentes das colinas, o que exigia instrumentos especializados pra se realizar a prospecção.
Aos poucos, formou-se na área mineradora uma economia dinâmica, voltada para o mercado interno, irradiando-se pelas áreas que a circundavam. Nas terras onde havia uma lavoura de subsistência passou a haver uma produção voltada para o abastecimento da zona mineradora. Mesmo assim a falta de alimentos era uma constante, acarretando num violento aumento do custo de vida. O economista Celso Furtado escreveu que “a fome acompanhava sempre a riqueza nas regiões do ouro”.
A produção especializada em gêneros agrícolas esta estabeleceu-se principalmente no Vale do Paraíba, em São Paulo, no sul de Minas Gerais e na Baixada Fluminense, que se tornou um importante centro abastecedor da região das minas. O eixo econômico da colônia, até então situado no nordeste, desloca-se para para a região Centro-Sul. Em 1763, a capital da colônia foi transferida da Bahia para o Rio de Janeiro.
Em Minas surgiu uma sociedade patriarcal e urbana. A camada alta era formada pelos donos de lavras e a camada inferior pelos escravos. Entre essas duas camadas existia uma camada intermediária constituída por comerciantes, artesão, artífices e homens livres. Comparada com a sociedade do açúcar, bastante rígida, a sociedade mineradora permitia uma certa mobilidade social.
Para tirar o melhor proveito da exploração do ouro, Portugal agiu com bastante rigor não só na fiscalização, como também na cobrança de impostos. Criou um órgão, a Intendência das Minas, para fiscalizar a administração, a distribuição das jazidas e a cobrança de impostos.
Apesar do rígido controle imposto pelas autoridades metropolitanas, o contrabando era intenso e, para coibi-lo, a Coroa proibiu a circulação de ouro em pó e em pepitas, criando, em 1720, as casas de fundição. Todo ouro encontrado nas faisqueiras ou nas lavras deveria ser levados a esses locais, onde seria derretido, quintado (extraído o quinto) e transformado em barras. Quem não cumprisse essa determinação poderia ser preso, perder todos os bens e até ser degredado. Os mineiros, descontentes, reagiram a opressão fiscal da metrópole na região(Revolta de Vila Rica ou de Felipe dos Santos). Os rebeldes acabaram derrotados e seus lideres, deportados. Apenas um deles, Felipe dos Santos, foi condenado à morte na forca.
Em 1729, Portugal recebeu a excelente notícia de que havia sido encontrado diamantes no Arraial do Tijuco (atual Diamantina). O território foi imediatamente demarcado e isolado, criando-se o Distrito Diamantino, onde só entrava quem tivesse autorização do governo. Na impossibilidade de se quintar um diamante, a metrópole concedeu a exploração da região a alguns homens de posse, chamados de contratadores, que deveriam pagar uma determinada quantia fixa anual à Coroa. Em 1771, o próprio governo português assumiu a exploração de diamantes.
Em 1750, aperfeiçoando a rigidez fiscal, o governo português substituiu o quinto por uma quantia fixada em 100 arrobas (aproximadamente 1.500 kg) anuais. Com o declínio da mineração, os mineradores encontraram dificuldades para pagar o imposto cobrado pela metrópole e as dívidas foram se acumulando. A possibilidade da decretação da derrama, isto é a cobrança dos impostos atrasados está entre as causas da Inconfidência Mineira(1789).
O enriquecimento provocado pela mineração favoreceu o desenvolvimento das artes em Minas Gerais. Foram construídas várias igrejas, ricamente decoradas com pinturas e esculturas. Predominou o estilo barroco, que se caracteriza pela riqueza de detalhes.. destaque para as obras de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Na música desenvolveu-se o estilo sacro. Na literatura, podemos apontar as obras do poeta e inconfidente Tomás Antônio Gonzaga (Marília de Dirceu, sua musa inspiradora e Cartas Chilenas, onde satirizava o discurso político e as práticas administrativas de seu desafeto d. Luis da Cunha Menezes, governador da capitania).
síntese teórica / profº Orlando Rey
Em fins do século XVII, para honra e glória de sua majestade o rei de Portugal, os bandeirantes paulistas encontraram ouro na região de Minas Gerais. A descoberta de metais preciosos provocaram um grande aumento demográfico no Brasil, cuja população passou de cerca de 300 mil habitantes no final do século XVII para 3.300.000 no final do século XVIII. A região mineradora recebia gente de toda parte da colônia e também da metrópole, para o desespero dos paulistas que queriam a exclusividade sobre a região. As desavenças entre os emboabas(forasteiros) e os paulistas acarretou num violento conflito, Guerra dos Emboabas. Derrotados, os paulistas se retiraram da região e foram procurar ouro em outros lugares obtendo êxito em Goiás e Mato Grosso.
A exploração do ouro era feita de duas formas: pequenas explorações (faisqueiras) realizadas por uma pessoa apenas ou com o auxílio de um número reduzido de escravos. O ouro era extraído de depósitos superficiais, geralmente no leito dos rios(ouro de aluvião); ou em estabelecimentos maiores(lavras) onde era usado um grande número de escravos. O ouro era extraídos das vertentes das colinas, o que exigia instrumentos especializados pra se realizar a prospecção.
Aos poucos, formou-se na área mineradora uma economia dinâmica, voltada para o mercado interno, irradiando-se pelas áreas que a circundavam. Nas terras onde havia uma lavoura de subsistência passou a haver uma produção voltada para o abastecimento da zona mineradora. Mesmo assim a falta de alimentos era uma constante, acarretando num violento aumento do custo de vida. O economista Celso Furtado escreveu que “a fome acompanhava sempre a riqueza nas regiões do ouro”.
A produção especializada em gêneros agrícolas esta estabeleceu-se principalmente no Vale do Paraíba, em São Paulo, no sul de Minas Gerais e na Baixada Fluminense, que se tornou um importante centro abastecedor da região das minas. O eixo econômico da colônia, até então situado no nordeste, desloca-se para para a região Centro-Sul. Em 1763, a capital da colônia foi transferida da Bahia para o Rio de Janeiro.
Em Minas surgiu uma sociedade patriarcal e urbana. A camada alta era formada pelos donos de lavras e a camada inferior pelos escravos. Entre essas duas camadas existia uma camada intermediária constituída por comerciantes, artesão, artífices e homens livres. Comparada com a sociedade do açúcar, bastante rígida, a sociedade mineradora permitia uma certa mobilidade social.
Para tirar o melhor proveito da exploração do ouro, Portugal agiu com bastante rigor não só na fiscalização, como também na cobrança de impostos. Criou um órgão, a Intendência das Minas, para fiscalizar a administração, a distribuição das jazidas e a cobrança de impostos.
Apesar do rígido controle imposto pelas autoridades metropolitanas, o contrabando era intenso e, para coibi-lo, a Coroa proibiu a circulação de ouro em pó e em pepitas, criando, em 1720, as casas de fundição. Todo ouro encontrado nas faisqueiras ou nas lavras deveria ser levados a esses locais, onde seria derretido, quintado (extraído o quinto) e transformado em barras. Quem não cumprisse essa determinação poderia ser preso, perder todos os bens e até ser degredado. Os mineiros, descontentes, reagiram a opressão fiscal da metrópole na região(Revolta de Vila Rica ou de Felipe dos Santos). Os rebeldes acabaram derrotados e seus lideres, deportados. Apenas um deles, Felipe dos Santos, foi condenado à morte na forca.
Em 1729, Portugal recebeu a excelente notícia de que havia sido encontrado diamantes no Arraial do Tijuco (atual Diamantina). O território foi imediatamente demarcado e isolado, criando-se o Distrito Diamantino, onde só entrava quem tivesse autorização do governo. Na impossibilidade de se quintar um diamante, a metrópole concedeu a exploração da região a alguns homens de posse, chamados de contratadores, que deveriam pagar uma determinada quantia fixa anual à Coroa. Em 1771, o próprio governo português assumiu a exploração de diamantes.
Em 1750, aperfeiçoando a rigidez fiscal, o governo português substituiu o quinto por uma quantia fixada em 100 arrobas (aproximadamente 1.500 kg) anuais. Com o declínio da mineração, os mineradores encontraram dificuldades para pagar o imposto cobrado pela metrópole e as dívidas foram se acumulando. A possibilidade da decretação da derrama, isto é a cobrança dos impostos atrasados está entre as causas da Inconfidência Mineira(1789).
O enriquecimento provocado pela mineração favoreceu o desenvolvimento das artes em Minas Gerais. Foram construídas várias igrejas, ricamente decoradas com pinturas e esculturas. Predominou o estilo barroco, que se caracteriza pela riqueza de detalhes.. destaque para as obras de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Na música desenvolveu-se o estilo sacro. Na literatura, podemos apontar as obras do poeta e inconfidente Tomás Antônio Gonzaga (Marília de Dirceu, sua musa inspiradora e Cartas Chilenas, onde satirizava o discurso político e as práticas administrativas de seu desafeto d. Luis da Cunha Menezes, governador da capitania).
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