Ainda sobre “Iluminismo & Revolução”
Fica claro, ao lermos o texto de Solé, que há um questionamento a respeito do que sempre foi considerado correto, acerca do Iluminismo. A tendência a se generalizar,afirmando que as ideias dos iluministas encontraram ampla receptividade em todo continente europeu, também deve ser relativizada. Não seria prudente afirmarmos que existia uma civilização européia homogênea. De certo que, é preciso ter cuidado ao afirmar que as ideias iluministas “iluminaram”, no sentido de despertar a consciência do povo europeu. Pensar dessa maneira e não atentarmos para as diferenças existentes entre os homens do século XVIII e aceitar como verdade histórica o que era, na realidade, um projeto dos filósofos burgueses.
Em um trabalho intitulado “Boemia Literária e Revolução – o submundo das letras no Antigo Regime”, Robert Darnton nos apresenta mais um elemento para a analise do Iluminismo. Segundo Darnton “(...)os clientes de Mauvelain(editor em Tryes – França) não queriam obras abstratas nem teóricas. Não encomendaram, em dois anos, nenhuma obra dos quatro grandes filósofos: Montesquieu, Voltaire, Diderot e Rousseau. Ao contrário, deram preferênci a popularizadores e vulgarizadores do Iluminismo: Raynal, Mercier, Mirabeau.” (DARNTON, Robert. Boemia Literária e Revolução- o submundo das letras no Antigo Regime.São Paulo,
Companhia das Letras, 1987, p. 141). Isto significa dizer que uma ampla camada da população não tinha acesso a literatura produzida pelos grandes nomes do pensamento ilustrado. Isso pode ser explicado por pelo menos dois motivos de fácil compreensão: o alto custo dos livros desses autores e pela linguagem contida nessas obras, o que tornava as mesmas de difícil assimilação para uma grande parcela da população.
Companhia das Letras, 1987, p. 141). Isto significa dizer que uma ampla camada da população não tinha acesso a literatura produzida pelos grandes nomes do pensamento ilustrado. Isso pode ser explicado por pelo menos dois motivos de fácil compreensão: o alto custo dos livros desses autores e pela linguagem contida nessas obras, o que tornava as mesmas de difícil assimilação para uma grande parcela da população.
Em contrapartida, Darnton aponta para o sucesso de uma literatura marginal, clandestina, dos panfletos, da boemia literária que tinha como alvos preferenciais, a Corte, a Igreja, a aristocracia e tudo que era considerável respeitável. O libelo (panfleto) explorava o sensacionalismo, expressavam “(...) um sentimento de desdém total por uma elite corrompida totalmente. Se lhes faltava uma ideologia coerente, comunicavam, contudo, um ponto de vista revolucionário: a podridão social corrompia a sociedade francesa, corroendo-a de cima pra baixo. E seus detalhes picantes prendiam a atenção de um público que podia não assimilar o “Contrato Social” de Rousseau (atentar para o exemplo dado em sala de aula sobre que tipo de jornal, o brasileiro de baixa renda leria no RJ: o Globo ou Meia Hora?!), mas que depressa se poria a ler Le Père Duchesne” (DARNTON, op.cit., p.45)
2 comentários:
Bolsonaro 2022!!!!
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