A crise do século XIV produziu uma profunda inquietação intelectual, caracterizada pela idéia de necessidade de renovação cultural, fenômeno que ficou conhecido por Renascimento. Este nome foi cunhado pelos humanistas italianos. Os humanistas eram, primitivamente, os elementos das universidades que recusavam os currículos tradicionais(voltados paraa Igreja) e pregavam a necessidade de uma renovação, com a inclusão de novas disciplinas, como a História, a Matemática e as línguas Orientais. Progressivamente, o termo Humanista passou a designar todos aqueles elementos que se empenhavam na renovação cultural, a partir de uma visão essencialmente crítica da sociedade européia.
O Renascimento surgiu na Itália, devido, fundamentalmente, às transformações econômico-sociais que se operavam nas principais cidades italianas. O intercâmbio comercial e o monopólio italiano no Mediterrâneo são fatores que se articulam para que possamos compreender o dinamismo cultural e intelectual da Itália à época do Renascimento.
Outro ponto que deve ser destacado é a tradição clássica mais vigorosa na Península italiana, berço do Império Romano. por último, o mecenato desenvolvido pelas ricas famílias que, em várias cidades, detinham o monopólio do poder político. esses mecenas deram uma extraordinária contribuição às artes, protegendo e financiando artistas.
Da Itália o renascimento expandiu-se para outros locais da Europa, notadamente a Espanha, França, Portugal, Alemanha, Países Baixos. Em cada um desses locais apresentou características específicas, mas, numa abordagem mais generalizante, podemos apontar os seguintes elementos como definidores do Renascimento:
Humanismo = valorização do ser humano, por oposição à Idade Média, onde ele era considerado um "simples grão de areia no deserto".
Classicismo = O renascimento voltou-se para a Antiguidade, mas não para tentar revivê-la. Não é uma simples "volta" ao passado; na realidade, é muito mais uma reinterpretação dos valores greco-latinos.
Individualismo = procurava-se abandonar o espírito corporativo que predominara até então. Os nobres e burgueses não tinham mais nenhum pudor em mandar fazer um retrato ou uma estátua de si mesmos; os artistas passaram a assinar sua obra.
Hedonismo = buscava-se a plena realização espiritual, a auto-satisfação. A busca do prazer passa a ser uma constante, também em oposição ao ascetismo medieval.
Naturalismo = a integração do homem à natureza, a redescoberta da íntima ligação com o Universo marcam o movimento renascentista. Procura-se colocar de lado o fantástico e o sobrenatural.
Antropocentrismo = em oposição ao Teocentrismo medieval, o Renascimento apresenta o homem como centro do Universo; O homem é a medida de todas as coisas.
Espírito Crítico = os pensadores e cientistas do renascimento são profundamente críticos, valorizando a experimentação, o que abre espaço para um grande desenvolvimento da matemática, da astronomia, da física e da medicina.
Racionalismo = o crescimento científico dessa época, marcado pelo método experimental, leva à rejeição das interpretações dogmáticas e à valorização da Razão. só se pode aceitar como verdade em ciência aquilo que o homem pode compreender através do seu intelecto. Abandonam-se, pois, supertições e lendas típicas do período medieval.
(...)Finalmente, é importante lembrar que o Renascimento é, esencialmente, um movimento elitista. O povo não participou desse movimento, abrindo-se, a partir daí, uma nítida divisão entre arte erudita e arte popular(...)
fonte: Ricardo, Adhemar e Flávio História. Vol 1 . pg35 a 37
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